
O valor do dólar hoje, quinta-feira (19/12), apresentou queda na abertura do mercado, cotado em torno de R$ 6,2464.
O contexto é de preocupações contínuas com o cenário fiscal brasileiro e as reações ao Relatório Trimestral de Inflação, divulgado pelo Banco Central do Brasil (BC) pela manhã. O mercado também aguarda um novo leilão de dólar.
Após um aumento significativo de 2,82% na quarta-feira, quando o dólar alcançou a cotação recorde de R$ 6,26, o BC realizou um leilão de venda de dólar à vista nos primeiros minutos do pregão, visando moderar a escalada recente da taxa de câmbio.
Ainda assim, as atenções do mercado continuam voltadas para as questões fiscais. Na quarta-feira, o relator de um dos projetos do pacote de corte de gastos do governo federal na Câmara dos Deputados apresentou pareceres, preparando os textos para votação na casa legislativa.
Banco Central admite não cumprimento da meta de inflação para 2024
Investidores estão atentos ao andamento das propostas do pacote de corte de gastos, com preocupações de que as medidas propostas possam não ser adequadas para equilibrar as contas públicas e controlar o aumento dos gastos governamentais.
Espera-se que novas medidas do pacote sejam votadas ainda nesta quinta-feira.
Além das questões fiscais, o mercado está reagindo ao mais recente relatório de inflação divulgado pelo Banco Central do Brasil (BC). O BC reconheceu oficialmente que a meta de inflação para 2024 será descumprida pelo terceiro ano consecutivo.
A meta estabelecida para 2024 era de 3,0%, com uma variação tolerável entre 1,50% e 4,50% para considerar a meta como formalmente atingida.
Fed anuncia corte de juros e sinaliza política monetária mais rígida para 2025″
O mercado global está reagindo ao recente corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), descrito como “hawkish”, que sinaliza condições monetárias mais rígidas para 2025.
Na última quarta-feira (18), o Fed anunciou uma redução de 25 pontos-base, ajustando a taxa para o intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano.
Apesar de cumprir as expectativas, o Fed não alcançou unanimidade em sua decisão e causou apreensão nos mercados ao indicar apenas duas reduções de taxa previstas para o próximo ano.
Muitos analistas já consideram uma pausa nos cortes de juros para janeiro como quase certa, enquanto um possível corte em março dependerá dos impactos das políticas fiscais propostas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que incluem tarifas, cortes de impostos e planos de gastos públicos.
Mercados globais de títulos, commodities e ações
Os rendimentos dos títulos públicos europeus estão em alta, e a diferença (spread) entre os títulos do Reino Unido e Alemanha atingiu 243 pontos-base, marcando o maior nível em 34 anos. Paralelamente, os contratos de metais enfrentam quedas, refletindo preocupações com uma possível redução na demanda global.
Em Nova York, os mercados se ajustam após uma reação inicial considerada exagerada, quando as bolsas de valores sofreram quedas significativas e o rendimento dos títulos de 10 anos dos EUA atingiu 4,508% — o mais alto desde maio deste ano.
O índice VIX, que mede a volatilidade do mercado e é frequentemente chamado de “índice do medo”, caiu 22,32% após alcançar seu maior patamar desde agosto.
Os futuros dos principais índices acionários de Nova York mostram sinais de recuperação, enquanto as bolsas europeias enfrentam declínios acentuados após a postura conservadora sinalizada pelo Federal Reserve (Fed).
Os rendimentos dos títulos de curto prazo dos Treasuries estão recuando, mas os de longo prazo continuam avançando.
Ao mesmo tempo, o dólar hoje mostra uma leve recuperação em relação a outras moedas principais e a maioria das divisas emergentes, exceto o real brasileiro, que segue com desempenho distinto.