
Nesta quarta-feira (18/12), o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos anunciou o terceiro corte consecutivo na taxa de juros, uma medida já esperada por economistas e mercados financeiros.
No entanto, o destaque ficou por conta dos sinais sobre as ambições da política monetária do banco central americano para 2025.
O Comitê Federal de Mercado Aberto reduziu a taxa de fundos federais em 25 pontos-base, de 4,5%-4,75% para 4,25%-4,5%. Essa ajuste na faixa, conhecida nominalmente como taxa de juros, tem um impacto amplo nos custos de empréstimos em todo o país.
Taxa de juros EUA no nível mais baixo desde fevereiro de 2023
Com essa redução, as taxas alcançaram o nível mais baixo desde fevereiro de 2023, caindo um ponto percentual completo do intervalo de 5,25%-5,5% vigente de julho a setembro de 2023.
Economistas dos três maiores bancos de investimento do mundo — Bank of America, Goldman Sachs e JPMorgan Chase — e operadores de derivativos já previam esse corte de 25 pontos-base como o resultado mais provável.
Adicionalmente, o Fed divulgou seu resumo trimestral das projeções econômicas, que inclui as expectativas de cada banqueiro central sobre onde as taxas de juros devem terminar em 2025.
A previsão mediana da equipe do Fed indica que as taxas devem terminar 2025 entre 3,75% e 4%, sugerindo apenas mais dois cortes de 25 pontos-base, uma redução em relação à previsão de setembro de 3,25%-3,5%, ou quatro cortes.
Economistas preveem mudanças na política do Fed
Se o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, revelar alguma perspectiva sobre o impacto da nova administração presidencial na instituição durante sua coletiva de imprensa desta tarde, o assunto promete ser um dos mais discutidos.
Isto se dá especialmente após comentários feitos pelo presidente eleito Donald Trump durante a campanha, que insinuaram uma ameaça à independência do Fed.
“Espera-se muitas perguntas sobre as eleições e suas implicações para a política e a independência do Fed, embora seja improvável que grandes revelações surjam dessa discussão”, analisou Michael Feroli, economista-chefe dos EUA na JPMorgan.
Em relação à política monetária, o índice de despesas de consumo pessoal básico (core PCE), o indicador de inflação preferido do Fed, registrou 2,3% em outubro. Esse valor, próximo à meta de inflação de 2% do Fed, indicou um possível ajuste na política do banco central já em setembro, com um corte de 50 pontos-base.
O ciclo de aumento das taxas iniciado pelo Fed em 2022, quando o core PCE atingiu mais de 5% — o maior em várias décadas, pode ver uma nova direção.
Além disso, as tarifas introduzidas por Trump podem elevar o core PCE em 30 a 40 pontos-base, segundo previsões de David Mericle, economista-chefe dos EUA no Goldman Sachs.